Perdoa-nos as nossas ofensas,
concede-nos a tua paz!
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA
O 58º DIA
MUNDIAL DA PAZ (01.01.2025)
Na escuta do grito da humanidade
ameaçada
Na aurora deste novo ano que nos é
dado pelo nosso Pai celeste, um tempo jubilar dedicado à esperança, dirijo os
meus mais sinceros votos de paz a cada mulher e a cada homem, especialmente
àqueles que se sentem prostrados pela sua condição existencial, condenados
pelos seus próprios erros, esmagados pelo julgamento dos outros e já não veem qualquer
perspectiva para a sua própria vida. A todos vós, esperança e paz, porque este
é um Ano de Graça, que vem do Coração do Redentor!
Em 2025, a Igreja Católica celebra
o Jubileu, um acontecimento que enche os corações de esperança. O jubileu
remonta a uma antiga tradição judaica, quando a cada quarenta e nove anos o
toque da trombeta anunciava um tempo de clemência e de libertação para todo o
povo. Este apelo solene deveria ecoar por todo o mundo, a fim de restabelecer a
justiça de Deus nos diferentes âmbitos da vida: no uso da terra, na posse dos
bens, na relação com o próximo, sobretudo os mais pobres e os que tinham caído
em desgraça. O toque da trombeta recordava a todo o povo, aos ricos e a quem
tinha empobrecido, que ninguém vem ao mundo para ser oprimido: somos irmãos e
irmãs, filhos do mesmo Pai, nascidos para ser livres.
Também nos dias de hoje, o Jubileu
é um acontecimento que nos impele a procurar a justiça libertadora de Deus em
toda a terra. Em vez da trombeta, no início deste Ano de Graça, nós gostaríamos
de estar atentos ao desesperado grito de ajuda que, como a voz do sangue de
Abel, o justo, se eleva de muitas partes da terra e que Deus nunca deixa de
escutar. Nós, por nossa vez, sentimo-nos chamados a unir-nos à voz que denuncia
tantas situações de exploração da terra e de opressão do próximo. Estas
injustiças assumem, por vezes, o aspecto daquilo a que São João Paulo
II definiu como estruturas de pecado, porque não se devem
apenas à iniquidade de alguns, mas estão enraizadas e contam com uma
cumplicidade generalizada.
Cada um de nós deve sentir-se, de
alguma forma, responsável pela devastação a que a nossa casa comum está
sujeita, a começar pelas ações que, mesmo indiretamente, alimentam os conflitos
que assolam a humanidade. Assim, fomentam-se e entrelaçam-se os desafios
sistêmicos, distintos, mas interligados, que afligem o nosso planeta. Refiro-me
às desigualdades de todos os tipos, ao tratamento desumano dispensado aos migrantes,
à degradação ambiental, à confusão gerada intencionalmente pela desinformação,
à rejeição a qualquer tipo de diálogo e ao financiamento ostensivo da indústria
militar. Todos estes são fatores de uma ameaça real à existência de toda a
humanidade.
No início deste ano, portanto, queremos escutar este grito da humanidade para nos sentirmos chamados, juntos e de modo pessoal, a quebrar as correntes da injustiça para proclamar a justiça de Deus. Alguns atos esporádicos de filantropia não serão suficientes. Em vez disso, são necessárias transformações culturais e estruturais, para que possa haver também uma mudança duradoura.
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