Cremos que
Jesus pode nos ajudar a ver tudo com um novo olhar? | 553 |06. 12.2024 | Mateus 9,27-31
Na caminhada do Advento, que inaugura
um novo tempo espiritual, a alegre expectativa pelo que está sendo gestado e
logo nascerá é a luz que ilumina os textos bíblicos propostos para cada dia.
Precisamos ajustar o nosso olhar para reconhecermos os sinais da “visita” de
Deus em trajes de pobreza, de simplicidade, de proximidade, e nos abre ao
sonho, à esperança, à generosidade ativa.
O texto de hoje está situado numa etapa de plena e intensa
atividade missionária de Jesus, conjugada com uma esmerada formação para os
discípulos. Neste movimento guiado pela compaixão, Jesus multiplica fecundos
sinais da chegada do reino de Deus. Não são demonstrações de poder, mas ações concretas
que vêm em socorro aos pobres, doentes e desvalidos. Entre estes estão os
cegos, socialmente vulneráveis e objetos de chacota de muitas “pessoas de bem”.
Não sem dificuldades, os cegos seguem Jesus em seu
movimento missionário. Esta atitude de pessoas marginalizadas, como é o caso
deles, expressa a dinâmica do discipulado cristão: mesmo sem “ver” Jesus, eles
o seguem, movidos pelo desejo; querem alcançar a visão, para saber o caminho e
ver as pessoas e acontecimentos como Deus os vê. Jesus valoriza este desejo profundo
como sinal de uma fé pura e profunda. Essa fé tem força, e rompe com a inércia
e com o fatalismo.
Os cegos invocam Jesus como “filho de Davi”, como o fazem
todas as pessoas e categorias cansadas e abatidas, que anseiam por mudanças
radicais na ordem social. Eles pedem “piedade” (misericórdia), que não é um
mero sentimento, mas atitude e ação que seja capaz de mudar de modo efetivo e
palpável a difícil condição que vivem. Assim, mesmo cegos, reconhecem Jesus
como o Messias ou Enviado de Deus para instaurar uma nova ordem social,
favorável aos pobres.
O pedido dos cegos é atendido por Jesus. Como todas as
pessoas que se encontram de fato com Jesus, os cegos curados não se calam, e se
tornam discípulos e testemunhas. Quem encontra Jesus e prova sua compaixão não
pode calar-se ou cruzar os braços. Caminhando para o Natal, como José e Maria e
como os pastores, movidos pelo sincero desejo de ver o nascimento de “um outro
mundo possível”, deixemos que o Deus Menino nos toque, abra nossos olhos e guie
nossos passos.
Meditação:
· O evangelho de hoje nos
orienta para uma atitude madura e adequada na preparação do Natal: o desejo de
ver bem
· Acompanhando Maria e
José, não basta olhar para Maria ou para Jesus Menino; precisamos olhar com
ele, com o olhar dele
· Nossa fé em Jesus ajusta
nosso olhar ao dele, chama-nos ao testemunho e ao engajamento humanitário
· Que nossos olhos se
abram aos múltiplos sinais de solidariedade que sobrevivem e se multiplicam em
tempos complexos e sombrios
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