Com José e Maria,
Jesus se faz peregrino de memórias e esperanças | 577 |29. 12.2024 | Lucas 2,41-52
Maria e José levam Jesus, ainda adolescente, a Jerusalém
e, como família, participam, com o povo todo, da festa que recorda e atualiza a
superação da escravidão e a constituição de um povo solidário e livre. É uma
família a mais, uma família entre outras famílias em meio à caravana de
romeiros que peregrinam cheios de boas memórias e dinamizados pela esperança.
Mas
nessa peregrinação, José e Maria descobrem que precisam superar o simples e
costumeiro cumprimento das tradições, por mais relevantes que sejam, assim como
o estreito limite da convivência e da educação familiar. Eles precisam, mesmo
sem entender tudo, ajudar o filho a crescer na sua vocação e missão, a se
dedicar ao Reino de Deus, às coisas do seu e nosso Pai.
Unidos
pelos laços de um amor profundamente humano, e dentro do horizonte das
tradições do povo que lhes dava identidade e coesão, José e Maria avançam no
escuro da fé. Como Abraão, eles se lançam na estrada da fé sem saber claramente
onde chegarão. Também eles ousam acreditar, caminhar orientados apenas pela fé,
e isso lhes é creditado como justiça. Eles não andam a esmo, são peregrinos de
esperança.
Nesta
peregrinação existencial e espiritual, Maria e José tiveram que se abrir sempre
mais à novidade que Deus manifestava através do filho que lhes fora confiado. E
os evangelhos fazem questão de sublinhar que Nazaré é o lugar onde Jesus
cresce, se fortalece e adquire sabedoria. José e Maria educam o filho longe do
ambiente glorioso e sedutor do templo, e próximo do povo cansado e abandonado,
mas sonhador. Jesus cresce na medida em que lança raízes na história e nas
lutas do seu povo.
Para a Sagrada Família, morar em Nazaré não foi
algo casual. Esta opção consciente significou assimilar a esperança cultivada
pelo “resto de Israel”, pelo “broto das raízes de Jessé”. Significou também não
se afastar das raízes populares, do vínculo com os pobres, assumir
resolutamente o caminho que leva à periferia e privilegiar a encarnação no
cotidiano que tece a vida normal de todas as pessoas. Em Nazaré, Jesus absorve
a seiva das esperanças do seu povo a partir da periferia. Aprende a ser peregrino
de esperança. Eis aqui uma perspectiva que as famílias discípulas missionárias
de Jesus jamais podem abandonar!
Meditação:
·
Releia e reconstrua a cena da Sagrada Família no templo e no
caminho, observe as ações de Jesus e as reações de Maria, José e dos doutores
·
Qual poderia ser o sentido da expressão “por quê me procuravam? Não
sabiam que devo ocupar-me da casa/coisas do meu Pai”?
·
O que esta cena, e estas palavras de Jesus, nos ensinam sobre a vida
familiar em nosso tempo?
·
Em Jerusalém Jesus brilhou e se distanciou dos pais, mas foi em
Nazaré que ele cresceu: o que isso significa?
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