quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Que o Evangelho se cumpra em nós

Que o Evangelho se cumpra em nós e sejamos servidores da vida | 567 |20. 12.2024 | Lucas 1,26-38

Mais do que uma crônica histórica no estilo contemporâneo, este texto evangélico é uma reflexão pós-pascal sobre a pessoa e o percurso de vida de Jesus Cristo. É mais um relato de cristologia que de história. A menção ao sexto mês da gravidez de Isabel lembra o sexto dia da criação, o dia da criação do homem e da mulher. Agora começa a formação do novo Adão. Por isto, sem esquecer o horizonte do advento, faz-se necessário compreender o que Lucas que dizer aos seus leitores.

Maria, a moça fiel, representa o contrário do povo infiel de Israel, frequentemente comparado a uma prostituta. Há em Maria uma ruptura com o antigo Israel (sem a participação de homem, a descendência de Davi é interrompida) e uma novidade (Deus se dirige a uma mulher, e faz isso fora do espaço do templo). Assim, Maria é a imagem do novo povo que se forma na fé e na fidelidade. Maria é a total novidade que vem da periferia, onde Deus realiza seu plano nas pessoas de fé.

Lucas mostra que em Jesus os planos de Deus se realizam. O que aconteceu no Antigo Testamento foi apenas preparação e promessa. Jesus é a revelação máxima de Deus. Tudo o que veio antes é “aperitivo” daquilo que se realizará na pessoa de Jesus. De certo modo, nos relatos da infância de Jesus, visualiza-o início da plenitude dos tempos que se realizam na pessoa de Jesus e superam os tempos antigos.

A saudação do anjo é uma retomada da profecia: “Alegra-te, Maria, eleita, cheia de graça...” Subjacente à cena e às palavras que são ditas, está o anúncio da divindade de Jesus, pois, no Antigo Testamento o adjetivo “grande” só se refere a Deus. Jesus é concebido pelo Espírito (‘sombra” ou “nuvem”) de Deus, o mesmo que acompanhou o êxodo como sombra protetora e como nuvem luminosa. Portanto, nele Deus está presente na história, em meio à humanidade peregrina da esperança.

Jesus vem ao mundo não mais pelas leis humanas (como a linhagem paterna, tão valorizada pelo judaísmo, e os meios potentes), mas pela fé e por uma mulher. O próprio Jesus afirmará, mais tarde: “Minha mãe, meus irmãos, minhas irmãs, são aqueles que ouvem as minhas palavras”. Nisto Maria é modelo. Sua grandeza consiste em, mais do que ser mãe biológica de Jesus, em ser alguém que ouviu e acolheu a palavra. Aprendamos dela a bem preparar o Natal que se aproxima.

 

Meditação:          

§ Releia atentamente este trecho do Evangelho, prestando atenção ao diálogo entre Maria de Nazaré e o mensageiro de Deus

§ Observe o diálogo e o questionamento ativo e maduro de Maria à proposta recebida através do anjo

§ Perceba a atitude de abertura, acolhida e cooperação de Maria de Nazaré com a vontade e a Palavra de Deus

§ Quais são os frutos que seu exercício de escuta e meditação da Palavra de Deus tem produzido em você neste ano de 2024?

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