Que o
Evangelho se cumpra em nós e sejamos servidores da vida | 567 |20. 12.2024 | Lucas
1,26-38
Mais do que uma crônica histórica no estilo contemporâneo, este
texto evangélico é uma reflexão pós-pascal sobre
a pessoa e o percurso de vida de Jesus Cristo. É mais um
relato de cristologia que de história. A menção ao sexto mês
da gravidez de Isabel lembra o sexto dia da criação, o dia da criação do homem
e da mulher. Agora começa a formação do novo Adão. Por isto, sem esquecer o
horizonte do advento, faz-se necessário compreender o que Lucas que dizer aos
seus leitores.
Maria, a
moça fiel, representa o contrário do povo infiel de Israel, frequentemente comparado
a uma prostituta. Há em Maria uma ruptura com o antigo
Israel (sem a participação de homem, a descendência de Davi é
interrompida) e uma novidade (Deus se dirige a uma mulher, e faz isso fora do
espaço do templo). Assim, Maria é a imagem do novo povo que
se forma na fé e na fidelidade. Maria
é a total novidade que vem da periferia, onde Deus realiza seu plano nas
pessoas de fé.
Lucas mostra que em Jesus os
planos de Deus se realizam. O que aconteceu no Antigo Testamento foi apenas
preparação e promessa. Jesus é a revelação máxima de Deus. Tudo o que veio
antes é “aperitivo” daquilo que se realizará na pessoa de Jesus. De certo modo,
nos relatos da infância de Jesus, visualiza-o início da plenitude dos tempos
que se realizam na pessoa de Jesus e superam os tempos antigos.
A saudação do anjo é uma retomada da profecia: “Alegra-te,
Maria, eleita, cheia de graça...” Subjacente à cena e às palavras que são
ditas, está o anúncio da divindade de Jesus, pois, no Antigo Testamento o
adjetivo “grande” só se refere a Deus. Jesus é concebido pelo Espírito
(‘sombra” ou “nuvem”) de Deus, o mesmo que acompanhou o êxodo como sombra
protetora e como nuvem luminosa. Portanto, nele Deus está presente na história,
em meio à humanidade peregrina da esperança.
Jesus vem ao mundo não mais pelas leis humanas (como a linhagem
paterna, tão valorizada pelo judaísmo, e os meios potentes), mas pela fé e por
uma mulher. O próprio Jesus afirmará, mais tarde: “Minha mãe, meus irmãos,
minhas irmãs, são aqueles que ouvem as minhas palavras”. Nisto Maria é modelo.
Sua grandeza consiste em, mais do que ser mãe biológica de Jesus, em ser alguém
que ouviu e acolheu a palavra. Aprendamos dela a bem preparar o Natal que se
aproxima.
Meditação:
§ Releia atentamente este
trecho do Evangelho, prestando atenção ao diálogo entre Maria de Nazaré e o
mensageiro de Deus
§ Observe o diálogo e o questionamento
ativo e maduro de Maria à proposta recebida através do anjo
§ Perceba a atitude de
abertura, acolhida e cooperação de Maria de Nazaré com a vontade e a Palavra de
Deus
§ Quais são os frutos que
seu exercício de escuta e meditação da Palavra de Deus tem produzido em você
neste ano de 2024?
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