sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Os sofrimentos impostos aos pequenos sempre clamam aos céus

Os sofrimentos impostos aos pequenos sempre clamam aos céus | 576 |28. 12.2024 | Mateus 2,13-18

Na festa litúrgica dos Santos Inocentes somos chamados a proclamar com a vida aquilo que professamos com os lábios, como o fizeram as crianças vitimadas por Herodes. Nos sonhos, José discerne a vontade de Deus reforça a consciência da própria vocação: tomar conta da vida do Menino e protegê-lo ante todos os riscos e ameaças. E nos convoca a fazer o mesmo, em nome do filho Jesus.

José, o carpinteiro de Nazaré e marido de Maria, parece encontrar luz e inspiração em outro José, aquele que fora vendido pelos irmãos invejosos aos comerciantes no Egito: ambos são sonhadores. As preocupações que atordoam José durante o dia se transformam em sonhos à noite. E é neles que o pai e protetor de Jesus toma consciência das urgências e mostra-se obediente à vontade de Deus.

Herodes não admite que alguém desobedeça às suas ordens. A fúria que dorme sob o disfarce da piedade é acordada por qualquer sinal de insubmissão. A raiva contra os magos, que o enganam depois de encontrar Jesus, se volta contra as crianças. Com medo de um concorrente ao trono, Herodes opta pelo extermínio dos inocentes. Na verdade, seu poder tem pouca força e pouca credibilidade.

O medo dos poderosos sempre faz vítimas, e as crianças são atingidas em primeira linha. Como diz Mateus, citando o profeta Jeremias, a violência sofrida pelos inocentes é um grito que brada aos céus, provoca um lamento inconsolável. O sofrimento e a violência jamais derivam da vontade de Deus, mas chegam até ele, e ele não se faz indiferente.

A Igreja acolhe o testemunho das crianças de Belém e as reconhece como mártires. Elas nem haviam conhecido Jesus, nem aderido ao seu caminho. Mas tiveram a vida destruída por causa de Jesus Cristo. Mesmo sem dizer uma palavra, confessaram com o sangue inocente a chegada do Filho de Deus.

A liturgia de hoje não é um lamento, mas um convite à confiança. A comunidade, que canta seu salmo no templo, não cansa de repetir: “Bendito seja o Senhor”. A fé que herdamos das primeiras comunidades nos diz que aqueles que, como Herodes, semearam a morte dos inocentes, não duram muito (cf. Mt 2,20). A fé viva da comitiva daqueles que aderem a Jesus revela que eles têm pés de barro.

 

Meditação:

§ Releia o texto lentamente, detendo-se nos personagens e nas diversas cenas que o compõem

§ Procure deter-se nas palavras do mensageiro de Deus e na obediência despojada e pronta de José

§ Que sentido têm as escrituras citadas para os milhares de brasileiros feridos pela morte de seus entes queridos pela Covid-19 e pelas enchentes?

§ De que iniciativas somos capazes e onde buscamos inspiração para enfrentar as situações que urgem uma intervenção corajosa?

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