A fé é despertada
pelos pequenos sinais e brilha no testemunho de vida | 575 |27. 12.2024 | João 20,2-8
Segundo o
evangelista João, o primeiro indício da ressurreição de Jesus ocorre na visita
de Madalena à sepultura. Vendo a pedra afastada, Maria vai avisar os
discípulos. O amigo de Jesus, que identificamos com o apóstolo e evangelista
João, é o primeiro a chegar. Vê a sepultura vazia e as vestes, mas não entra.
Pedro chega depois, entra na sepultura e vê o sudário dobrado, em separado, “à
parte”. Hoje, o texto sublinha o papel de João, evangelista e apóstolo de
Jesus.
A tumba vazia não é o único fundamento
da fé na ressurreição, mas é seu primeiro sinal. Parece que João conhecia a
liturgia do templo, por isso resiste a entrar na sepultura. Para ele, os panos
“enrolados” e colocados no “lugar” à parte são a Lei de Moisés, e a Palavra que
se fez carne em Jesus de Nazaré substitui o Templo. A tumba vazia é um
indicativo insuficiente para sustentar a fé na ressurreição de Jesus. Na
verdade, a base desta “cláusula pétrea” de nossa fé é a experiência pessoal que
discípulo faz do encontro com Jesus ressuscitado.
Mais tarde, Madalena chora diante da
sepultura e “se inclina” para olhar. Vê anjos que a interrogam sobre sua dor, e
só reconhece Jesus quando ele a chama pelo nome. Depois de tê-lo desejado,
buscado, conhecido e amado em vida, Maria precisa se inclinar para dentro de si
mesma, na profundidade do seu desejo, para reconhecê-lo e amá-lo sem retê-lo. É
ao voltarmo-nos para nossa interioridade que encontraremos o ressuscitado que
nos ama, chama e envia.
O texto que descreve a cena termina
com reticências, como que nos convocando a entrar nela como protagonistas, e a
darmos um final adequado àquela manhã misteriosa. João, discípulo, apóstolo e
escritor, cuja festa hoje celebramos, viu e acreditou. E deixou seu testemunho
inscrito na vida e registrado no quarto evangelho. Aquilo que ele viu,
experimentou e toucou, isso ele testemunhou.
E nós, acreditaremos e viveremos em
nome de Jesus e seu Evangelho? Estaremos dispostos a ser sementes que, caindo
na terra e morrendo, não ficam só, e se multiplicam incrivelmente? É isso que
queremos e decidimos? Daremos essa boa notícia a toda a humanidade? Será que
entendemos o mistério do Natal, dinamismo de proximidade, de pobreza e de
concretude de um amor divino e sem limites?
Meditação:
· Observe a teimosa inconformidade de Maria
Madalena, suas buscas, suas intuições, mas também sua dependência do passado
· Esta cena deixa o desfecho em aberto, como que
nos convidando a assumir o protagonismo e dar-lhe um final adequado
· Acreditaremos num fato ocorrido apenas no
passado, ou daremos crédito à vida e à proposta de Jesus, fazendo-a nossa?
· O que o testemunho de João sobre a ressurreição
de Jesus significa para as famílias envolvidas nas guerras e doenças, ou
enlutadas pelas mortes?
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