Não tenhamos
medo, pois Deus sempre ouve nossa súplica | 566 |19. 12.2024 | Lucas 1,5-25
Este texto faz parte do chamado “Evangelho da
Infância” de Jesus. A moldura geral é a alegria que espanta todos os medos e
convoca os pobres à esperança e à exultação. E isso tem um motivo: em Jesus de
Nazaré, as promessas de Deus chegam ao seu pleno cumprimento, pois ele é o
ponto de chegada, o ápice da história da salvação. Num contexto de humilhação e
expectativa, a Esperança envia seus sinais, e João Batista é, em pessoa, um
desses grandes sinais.
A cena acontece na Judéia, no tempo do sanguinário
rei Herodes. Zacarias e Isabel pertencem a uma linhagem sacerdotal, são idosos
e vivem a dor e o desamparo de quem não pode contar com uma descendência que mantenha
sua memória e os proteja na velhice. Mas eles pertencem a um pequeno resto piedoso
e fiel à herança libertária dos hebreus e à promessa dos seus profetas. Como
Maria e José, eles fazem parte da fina flor da humanidade que peregrina na
esperança.
Os nomes dos principais personagens são relevantes,
e indicam o horizonte de sentido da cena: Zacarias significa “Deus se lembrou”;
Isabel significa “Deus prometeu” ou “morada de Deus”; João significa “Deus
mostra sua misericórdia”. Num contexto de humilhação e de falta de horizontes, quando
o povo se sentia como a terra seca e rachada, sedenta de água, Deus manda
sinais de que sua misericórdia não se esgotou, de que ele está chegando para
provocar uma reviravolta.
O foco da cena é a revelação da identidade e da
missão de João Batista, cujo nascimento é anunciado a um pai sacerdote e incrédulo.
Ele agirá movido pelo Espírito de Deus, reconduzirá o povo ao Deus libertador,
caminhará à frente e converterá as velhas gerações à novidade que está para
emergir em Jesus. Por isso, em que pese seu apelo contundente à mudança de
perspectiva, a vida e pregação de João abrirá as portas à alegria e ao júbilo,
pois chegou ao fim o tempo de espera.
A mudez de Zacarias e a saída de Isabel da cena pública não significam
punição ou medo, mas são o sinal de que algo de importante aconteceu a
Zacarias, assim como da humilde reverência de Isabel, que se descobre “casa” ou
“morada” de Deus. Sem palavras, ambos nos dizem que algo novo e promissor está
nascendo. Isso porque eles aceitaram o convite do anjo e se dispuseram a
continuar buscando saídas.
Meditação:
§ Releia atentamente este
trecho do Evangelho, prestando atenção a cada um dos personagens, inclusive ao
anjo mensageiro
§ Observe a surpresa de
Zacarias, e a dificuldade de acreditar que algo bom e novo poderia surgir de um
povo cansado e esgotado
§ Preste atenção aos
repetidos apelos a não ter medo, a se alegrar e exultar com aquilo que está
para acontecer
§ Você não acha que nossa
caminhada de fé, nossa catequese e nossa pregação carecem de alegria, e são
tristes e pesadas demais?
Nenhum comentário:
Postar um comentário