quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Deus sempre ouve nossa súplica

Não tenhamos medo, pois Deus sempre ouve nossa súplica | 566 |19. 12.2024 | Lucas 1,5-25

Este texto faz parte do chamado “Evangelho da Infância” de Jesus. A moldura geral é a alegria que espanta todos os medos e convoca os pobres à esperança e à exultação. E isso tem um motivo: em Jesus de Nazaré, as promessas de Deus chegam ao seu pleno cumprimento, pois ele é o ponto de chegada, o ápice da história da salvação. Num contexto de humilhação e expectativa, a Esperança envia seus sinais, e João Batista é, em pessoa, um desses grandes sinais.

A cena acontece na Judéia, no tempo do sanguinário rei Herodes. Zacarias e Isabel pertencem a uma linhagem sacerdotal, são idosos e vivem a dor e o desamparo de quem não pode contar com uma descendência que mantenha sua memória e os proteja na velhice. Mas eles pertencem a um pequeno resto piedoso e fiel à herança libertária dos hebreus e à promessa dos seus profetas. Como Maria e José, eles fazem parte da fina flor da humanidade que peregrina na esperança.

Os nomes dos principais personagens são relevantes, e indicam o horizonte de sentido da cena: Zacarias significa “Deus se lembrou”; Isabel significa “Deus prometeu” ou “morada de Deus”; João significa “Deus mostra sua misericórdia”. Num contexto de humilhação e de falta de horizontes, quando o povo se sentia como a terra seca e rachada, sedenta de água, Deus manda sinais de que sua misericórdia não se esgotou, de que ele está chegando para provocar uma reviravolta.

O foco da cena é a revelação da identidade e da missão de João Batista, cujo nascimento é anunciado a um pai sacerdote e incrédulo. Ele agirá movido pelo Espírito de Deus, reconduzirá o povo ao Deus libertador, caminhará à frente e converterá as velhas gerações à novidade que está para emergir em Jesus. Por isso, em que pese seu apelo contundente à mudança de perspectiva, a vida e pregação de João abrirá as portas à alegria e ao júbilo, pois chegou ao fim o tempo de espera.

A mudez de Zacarias e a saída de Isabel da cena pública não significam punição ou medo, mas são o sinal de que algo de importante aconteceu a Zacarias, assim como da humilde reverência de Isabel, que se descobre “casa” ou “morada” de Deus. Sem palavras, ambos nos dizem que algo novo e promissor está nascendo. Isso porque eles aceitaram o convite do anjo e se dispuseram a continuar buscando saídas.

 

Meditação:

§ Releia atentamente este trecho do Evangelho, prestando atenção a cada um dos personagens, inclusive ao anjo mensageiro

§ Observe a surpresa de Zacarias, e a dificuldade de acreditar que algo bom e novo poderia surgir de um povo cansado e esgotado

§ Preste atenção aos repetidos apelos a não ter medo, a se alegrar e exultar com aquilo que está para acontecer

§ Você não acha que nossa caminhada de fé, nossa catequese e nossa pregação carecem de alegria, e são tristes e pesadas demais?

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