(Lc 13,1-9) A dor do inocente é a única verdadeira objeção que se pode levantar à
bondade de Deus. Mas, neste caso, a Bíblia não oferece soluções fáceis ou
atalhos atraentes: o sofrimento permanece um mistério incompreensível. Uma das
respostas a este enigma – muito comum ainda hoje! – consiste em atribuir o
sofrimento humano à vontade punitiva (ou ao menos à permissão) de Deus: quem
peca deve descontar sua culpa. Mesmo que o livro de Jó tivesse já desmontado
radicalmente esta suposição – Jó sofre mesmo sendo santo! – no tempo de Jesus
muita gente estava convencida de que as desgraças eram consequência dos pecados
das próprias vítimas. Mas Jesus insiste que não é assim! A culpa pela morte dos
dezoito judeus sepultados sob os escombros da torre de Siloé não deve ser
atribuída a eles mesmos, nem a Deus, mas à imperícia do engenheiro e à
irresponsabilidade dos construtores. Da mesma forma, a morte violenta dos
devotos assassinados pelos romanos na área do templo deve ser debitada na conta
de Pilatos e ao seu modo de exercer o poder, e não aos supostos pecados deles
mesmos. Portanto, diante dos acontecimentos difíceis, não descarreguemos a
responsabilidade sobre Deus. Consideremos estes fatos como uma oportunidade de
reflexão e de conversão, como uma ocasião a mais para produzir frutos. Como se
os imprevistos fossem o adubo que nos ajuda a ir ao essencial... (Paolo Curtaz,
Parola & Preghiera, outubro/2013,
p. 170)
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