Para
começar o mês dedicado às missões, publiqueicom prazer e emoção um texto do Pe.
Ceolin. Com a mesma satisfação, encerro este mês oferecendo mais uma das suas
oportunas e sábias meditações. Trata-se de um artigo que ele escreveu por
ocasião do Centenário da Páscoa do Fundador,
e que foi publicado em O Bertheriano (Ano XXVI, n° 102,
Agosto/2009, p. 7. Como sempre, os destaques são dele).Boa leitura e bom
proveito!
O bom
exemplo
Nós,
Missionários da Sagrada Família, estamos atualmente debruçados sobre a figura
do Servo de Deus, Pe. João Berthier. A celebração da sua páscoa para a vida
definitiva, ocorrida há cem anos, vem oportunizando deveras um ‘ano da graça’
para nossa família religiosa. Os eventos celebrativos, o uso pessoal e
comunitário da coletânea “O legado do
Padre Berthier” vêm contribuindo para clarear nossa idendidade de
Missionários da Sagrada Família e confirmar nossa pertença ao grupo dos
discípulos do Pe. Berthier.
Nosso
venerável Fundador passa a ser admirado não somente como incansável pioneiro e
empreendedor de inúmeras obras. Ele passa a ser visto e desponta acima de tudo
como modelo
de vida. Ele mesmo não se apresenta assim. Propôs à nossa imitação o
modelo da Sagrada Família. Mas estou convicto de que o Pe. Berthier poderia nos
ter deixado o seguinte legado: “Sejam meus imitadores, como eu o sou de Cristo
e da Sagrada Família!” (cf. 1Cor 11,1).
Contemplando
a vida do nosso Fundador, sua inteira trajetória – na família, no seminário, na
montanha da Salette, no ministério, etc. – percebemos que ele é digno de ser
imitado. Sobretudo em Grave, ele nos encanta com seu modo de ser. Creio que ele
poderia ter nos deixado mais essa recomendação: “Eu lhes dei um exemplo: vocês
devem fazer a mesma coisa que eu fiz!... Mesmo sendo o mestre e superior de
vocês, fiz-me tudo para todos...” (cf. Jo 13,15).
Temos
conhecimento de que alguns vocacionados, chegando a Grave, ficavam boquiabertos
ao verem tamanha pobreza da casa e dos arredores. Alguns simplesmente davam
meia-volta e retornavam à casa dos pais. Para outros, porém, a péssima
impressão inicial causada pela velha caserna era desfeita depois de terem
conhecido o Padre Berthier e experimentado sua grande bondade, sua cordialidade
e simpatia. O contato com a pessoa do Fundador os animava a aceitar
e abraçar a realidade, que alguns consideravam horripilante.
Hoje estamos
nos perguntando a respeito do futuro da Congregação, e eu aceno para a resposta
que temos no Diretório Geral: “Pelo
exemplo e por uma vida merecedora de fé (ou seja, merecedora de crédito) e pelo
entusiasmo no cumprimento da tarefa missionária, queremos estimular a
comunidade dos fiéis... e preparar terreno propício ao florescimento
de vocações...” (DG, 07).
Por vezes
fico a perguntar-me: em vista da formação que tenho, da minha idade avançada,
do fato de ser religioso e presbítero, venho
servindo de bom exemplo para os fiéis e meus coirmãos? Dou-me conta de que
não sou como deveria sê-lo, de que devo ter sempre em mente que eles
têm o direito de esperar e de me cobrar postura de vida condizente à
minha identidade. A mim cabe o dever de esforçar-me em servir de bom
exemplo. Reconheço também que, vindo eu a ser motivo de escândalo e
pedra de tropeço para os fiéis e coirmãos, a vergonha não será apenas minha:
recairá também sobre toda a família e a instituição à qual pertenço.
Permita
Deus que eu seja menos moralizador e supere a tendência em viver apontando os
defeitos alheios sem aperceber-me dos meus. Que o bom Mestre não precise
desmascarar-me com estas palavras: “Hipócrita, tire primeiro a trave do seu
próprio olho, e então você exergará bem como tirar o cisco do olho do seu
irmão!...” (Mt 7,5).
Pe.
Rodolpho Ceolin msf
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