(Lc 18,9-14) Os fareiseus eram devotos da lei, crentes empenhados no combate contra
o relaxamento religioso do povo de Israel e na observância escrupulosa até das
mais minuciosas ordens ou mandamentos atribuídos a Deus. O elenco de virtudes
que o fariseu apresenta diante de Deus é aparentemente correto: observante zeloso,
o fariseu paga, como todos os demais fiéis, o dízimo das suas rendas, mas vai
além e dá ao templo o dízimo até dos temperos que cultiva e colhe na própria
horta! Então, qual é o problema do fariseu? Muito simples: ele está de tal modo
seguro de sua identidade espiritual, tão orgulhoso da própria bravura, tão
cheio do próprio ego (do ego espiritual, que é o mais difícil de vencer), que
Deus não encontra um cantinho onde possa se abrigar. E, o pior: ao invés de se
confrontar com o projeto que Deus tem sobre ele, o fariseu se compara com quem,
no seu ponto de vista, é pior que ele, no caso, com aquele publicano que, parado
lá no fundo, não deveria nem mesmo ousar entrar no templo... Esse é o miolo da
questão: sendo verdade que nos colocamos, com sinceridade, à procura de Deus, às
vezes não conseguimos criar um espaço interior suficientemente aberto para que
ele possa se manifestar. Com a cabeça e o coração entulhados de preocupações,
desejos, pensamentos, invejas, méritos e comparações com os outros, não
conseguimos abrir um espaço para acolher Deus. (Paolo Curtaz, Parola & Preghiera, outubro/2013, p.
176)
Nenhum comentário:
Postar um comentário