Tirando as sandálias e alargando a tenda
Guarda de Corpo
Hoje, 2 de outubro, a Igreja nos propõe a simpática
memória do Anjo da Guarda,
convidando-nos a ampliar o olhar interior à realidade maior e invisível que nos
envolve. Na espiritualidade cristã, o Anjo da Guarda tem a função de guiar e
proteger a pessoa a ele confiada, de oferecer a Deus suas orações e de
sustentá-la e defendê-la contra aquilo que pode afastá-la de Deus.
Poderíamos dizer que ele é uma espécie de Guarda de Corpo, como aquela que
protege autoridades e celebridades, ou de Conselheiro
ou Orientador pessoal, como aqueles
aos quais muitos de nos recorremos, especialmente nos momentos difíceis. Pois
deste Companheiro e Guarda especial fomos convidados a nos aproximar nesta
manhã do XIII Capítulo Geral, dedicada a um breve retiro espiritual.
Tirar as sandálias porque a terra é sagrada
Na primeira meditação, a Ir. Vitória nos propôs a
experiência de Moisés no monte Horeb (Ex 3,1-11): a terra que pisamos e o tempo
que vivemos são sagrados, e é preciso desvestir-se, esvaziar-se, tocá-los e
habitá-los com reverência. O tempo do Capítulo é sagrado, é uma espécie de
“Tenda do Encontro” com Deus. E este encontro é com o Deus dos nossos pais, o
Deus que chamou e apaixonou nossos antecessores, um Deus que liberta, envia e
gera vida.
Inspirados por Mt 1,1-17, fomos convidados a fazer
memória da nossa genealogia, da cadeia de pessoas concretas e sempre marcadas
por ambiguidades, pela qual o carisma MSF chegou a nós. Esta genealogia é
substancialmente um cântico à vida e à fidelidade de Deus a este pequeno resto
que ele escolheu. Como membros do 13° Capítulo, somos convocados a ser um anel
nesta corrente de vida, que liberta e vivifica. E, para isso, precisamos baixar
a guarda, alargar a tenda, dar nomes aos medos e esperanças que se aninham em
nós, permitir que Deus entre na nossa casa, sente à mesa e nos fale ao coração.
Por que choras?
Na segunda meditação, fomos convidados a contemplar a
missão. Como ser MSF hoje? Partimos
de Jesus, o missionário do Pai. A missão começa com o Pai, que, contemplando o
mundo por ele mesmo criado e muito amado, pergunta: “Quem poderei enviar?” O
Filho, que participa de forma íntima e plena do olhar compassivo do Pai,
responde: “Eis-me aqui! Envia-me!”
A missão sempre parte desta participação pessoal no
olhar e nos sentimentos de Deus pelo mundo. Saber-se enviado por Outro e
sentir-se co-movido por Ele é o princípio fundamental da missão. Mas na
prática concreta, como em Lc 24,13-32, Jesus desenvolve sua missão
aproximando-se, fazendo-se presente, perguntando o que nos entristece, pedindo
hospitalidade, revelando-se e desaparecendo, não sem antes aquecer o nosso
coração e abrir os nossos olhos.
Assim também acontece com Madalena (Jo 20,1-18), que
chora uma perda, ou muitas perdas: Jesus começa perguntando por que ela chora,
pronuncia seu nome com amor e, finalmente, a envia com a missão de dar
testemunho aos apóstolos desiludidos. A missão pressupõe essa participação
permanente na intimidade e no olhar do Pai sobre o mundo, a experiência de ser
chamado, de ser reconhecido e amado. Então nos tornamos missionários,
fundamentalmente, testemunhas de um amor vivido.
De nós, membros dessa assembléia, se espera o esforço
para entender o que Deus está pedindo e confiando aos Missionários da Sagrada
Família hoje. Mas não podemos simplesmente ficar na lamentação sobre aquilo que
perdemos...
Escutando o pulsar da dor e da vida nas
Províncias
Na tarde de hoje, começamos a escutar a voz da vida
nas diversas Províncias. O objetivo é alcançar um amplo, profundo e sensível
olhar sobre a realidade da Congregação, a partir da concretude localizada das
Províncias. Cada Superior provincial, em dez minutos, destaca alguns aspectos do
relatório já enviado no início do ano e conhecido de todos os capitulares. Em
seguida, nas mesas (ou Comunidades de Discernimento) temos dez minutos para
comentar e apresentar duas perguntas, ao Superior. De posse das perguntas, o
Superior Provincial dispõe de tempo para agrupá-las e preparar a resposta, que
é apresentada em até vinte minutos, na sessão seguinte. Hoje, escutamos o
relato e “apalpamos” a vida das Províncias dos Estados Unidos da América do
Norte, da Argentina, do Brasil Meridional e do Brasil Oriental.
O desafio de comunicar e criar comunhão
A assembléia capitular deseja criar uma rede de
informação e comunhão com os coirmãos e amigos/as espalhados pelo mundo. Com
essa finalidade, nomeou uma Comissão de Comunicação, constituída pelos capitulares
Yohanes Risdiyanto (Java), Bogdan Mikutra (Polônia), Tito Javier (Chile) e
Jeanot Rajanarison (Madagascar). As notícias serão publicadas no site oficial da Congregação, acessível
em http://www.misafa.org/index.php/pt/
Itacir Brassiani msf
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