Sob o olhar de Santa
Teresa d’Ávila
Hoje, memória da corajosa reformadora e
doutora da Igreja, Santa Teresa d’Avila, foi, para nosso XIII Capítulo Geral um
dia de decisões fortes, com muitas consequências. Na liturgia da manhã
cantamos, em diversas línguas, um dos versos mais conhecidos desta santa
espanhola: “Nada te perturbe, nada te espante. A quem está com Deus, nada lhe
falta. Nada te perturbe, nada te espante... Só Deus basta!”
A primeira informação que recebemos no
início da sessão da manhã foi uma boa notícia: Pe. Augustinus Purnama (de
Java), aceitou a eleição para assistente (não obstante não ter conseguido
dormir, pois recebera a comunicação à meia-noite de segunda-feira). Assim,
começamos a manhã de trabalhos com dois membros do Governo Geral eleitos e
confirmados: Pe. Edmund Jan Michalski (da Polônia, reeleito Superior Geral); Pe.
Augustinus Purnama (de Java, Vigário Geral).
Passamos à eleição dos outros três
assistentes. O processo continuou complicado. No segundo escrutínio para
segundo assistente foi eleito o Pe. Julio Cesar Werlang (Superior Provincial do
Brasil meridional), com 22 sobre 43 votos. Assim, como há seis anos atrás, a
Província fica sem seu Superior apenas um mês depois da posse, e o fardo recai
inesperadamente sobre as costas do Pe. Jandir Haas. Um grande rebuliço, e novo
Capítulo provincial à vista...
Patrice, Edmund, Julio Cesar e Bogdan (falta Augustinus): novo Governo Geral dos MSF |
Na sequência, já na primeira votação reelegemos
o Pe. Patrice Ralaivao (de Madagascar) como terceiro assistente. No segundo
escrutínio, elegemos, como quarto assistente, com um total de 27 votos, o Pe. Fernando
Lopez Fernandez (da Província da Espanha). Ele não faz parte do Capítulo e,
consultado por telefone, não aceitou. O quarto assistente saiu no segundo
escrutínio: Pe. Bogdan Mikutra (da Polônia, secretário do capítulo), com 23
votos.
As dificuldades que enfrentamos nesse processo
de discernimento para a escolha do novo Governo Geral nos passou algumas
lições: a atitude espiritual de fundo é absolutamente relevante; pode ser
irresponsável não fazer um processo de discussão e discernimento antecipado e
amplo, com a participação de toda a Congregação; é necessário partir sempre de
uma lista de nomes a mais ampla possível.
A última agenda do dia, já na parte da tarde,
foi o futuro de algumas Províncias da Europa: Suíça, França e Holanda. A Suíça
e a França apresentaram ao Capítulo o pedido de desaparecer como Províncias e
continuar como comunidades subordinadas ao Governo Geral. O Capítulo decidiu por
unanimidade pela supressão destas Províncias e pediu que o Governo Geral defina
concretamente a data e o modo.
Embora a situação seja ainda mais crítica que a das
Províncias anteriores, a Holanda não fez um pedido explícito e não demonstra
vontade de desaparecer, embora não tenha mais nada a ver com uma Província
religiosa de verdade. É claro que é sempre difícil emitir um certificado de
óbito, mesmo quando não resta mais que um simples cadáver. Mas penso que seria
sinal de irresponsabilidade se esse Capítulo não chegasse à mesma decisão que
chegou em relação às outras duas Províncias.
Itacir Brassiani msf
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