sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Leitura Orante do Evangelho (22.08.2020)


Dia 22 de Agosto | Sábado | Festa de Nossa Senhora Rainha
Evangelho segundo Lucas (1,26-38)

A Leitura Orante da Palavra de Deus é um exercício para iluminar e fecundar nossa vida cotidiana com a Palavra de Deus. Pode ser feita individualmente ou em família, em grupo ou em comunidade, inclusive através das redes sociais. Basta combinar com os amigos a mídia, a forma e o horário.

Em tempos de restrições à convivência e movimentação social, imposição que vem se prolongando mais do que esperávamos mas que é necessária, por respeito e cuidado com nosso irmãos e irmãs, a leitura orante é um modo de ir além da simples assistência de celebrações virtuais e de impedir que este seja um tempo pesado e estéril.

Os textos propostos e desenvolvidos aqui são aqueles indicados pela Igreja para a liturgia diária. Mas os grupos organizados podem também escolher outros textos, desde que tenham uma sequência, se evite ficar apenas com os textos que agradam mais e se proponha um roteiro.

Que a Palavra de Deus encontre em cada um de nós um terreno fecundo, e, mesmo nesses tempos inesperadamente difíceis – pela pandemia e pela crise generalizada que vivemos em nosso país – produza bons frutos.

(Missionários da Sagrada Família
https://misafala.org/ | Passo Fundo/RS)

(1)   Coloque-se em atitude de oração
·      Escolha um momento adequado e tranquilo/a para a oração
·      Escolha o lugar no qual você se sinta bem
·      Busque uma posição corporal que lhe ajude a concentrar-se
·      Acenda uma vela e tome a bíblia em suas mãos
·      Tome consciência de si mesmo/a e do momento que vivemos
·      Faça silêncio interior e ative o desejo de ouvir a Palavra de Deus
·      Reze, ouvindo e repetindo o cântico: Ave, Maria! Ave, Maria! Ave! Ave! Ave, Maria! (Clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=DxLW6ISHXGQ)

(2)   Leia o texto da Palavra de Deus
·      Leia com toda a atenção o texto de Lucas 1,26-38
·      Leia o texto em voz alta (se possível)
·      Releia o texto uma ou mais vezes (se necessário)
·      O texto que meditamos é o anúncio da encarnação do Filho de Deus em Maria de Nazaré
·      Trata-se de uma experiência inaudita, pois é a revelação de Deus a uma mulher, longe do templo, numa região suspeita
·      O ponto de partida é a experiência que a jovem Maria faz de ser amada, querida, interlocutora de um Deus apaixonado pelos seus filhos e filhas
·      Longe do estereótipo da mulher submissa e reclusa no lar, Maria se mostra profetiza na praça e servidora de um deus que reverte a organização da sociedade de modo hierárquico
·      Mais que rainha, Maria é lúcida ouvinte de Deus, profetiza e servidora da vida
·      Feche a bíblia e responda: O que este trecho da Palavra de Deus diz em si mesmo?

(3)   Medite a Palavra de Deus
·      Reconstrua o cenário do texto, incluindo a si mesmo/a na cena
·      Reconstrua a cena, acompanhando Maria na sua experiência de ser querida, amada e convocada
·      Participe com ela nos questionamentos, na escuta das explicações e na sua resposta generosa e incondicional
·      Escute a da saudação do anjo como dirigida hoje a você
·      Procure perceber: O que a Palavra de Deus diz a você hoje?
·      Saboreie interiormente aquilo que mais ressoa ou atrai você

(4)   Reze com o texto lido e meditado
·      Tome consciência de que este texto é Palavra de Deus
·      Faça sua a resposta de Maria ao convite de Deus, assumindo de forma consciente todas as consequências dessa resposta
·      Reze pausadamente a Ave Maria, que recolhe as palavras do anjo, de Isabel e da experiência histórica dos cristãos
·      Depois de escutar atentamente, agora é sua vez de falar
·      Não mude de assunto, pois sua palavra é sua resposta a Deus
·      Permita que o próprio Deus dirija a sua oração, a sua resposta
·      Não se preocupe com raciocínios e frases bem articuladas
·      Procure perceber o que a Palavra de Deus lhe faz dizer a Deus?

(5)   Contemple a vida à luz da Palavra
·      Procure contemplar a realidade do mundo com o olhar de Deus
·      Busque meios para colocar em prática o que Deus lhe fala
·      Perceba o que você precisa mudar a partir dessa meditação
·      O que podemos fazer para recolocar a figura de Maria no lugar que ela ocupa na história da salvação?
·      O que podemos fazer para desfazer as imagens inadequadas que vêm em Maria uma rainha ou uma pessoa alienada em relação às lutas da humanidade de ontem e de hoje?
·      Responda: O que Deus está pedindo que eu mude ou faça?
·      Assuma um compromisso pessoal de conversão e mudança

(6)   Retorne à vida cotidiana
·      Se considerar conveniente, leia, na página seguinte, o subsídio proposto para ajudar na compreensão do texto lido
·      Recite o Pai Nosso e a Ave Maria, ou faça uma oração pessoal que resuma a experiência de oração desse dia.
·      Recite ou cante a invocação: Jesus, Maria e José: acolhei-nos, iluminai-nos e ajudai-nos!
·      Reze, ouvindo e repetindo o cântico: Imaculada Maria de Deus, coração pobre acolhendo Jesus! (Clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=ajpDGExuMN4)
·      Apague a vela, guarde a Bíblia e conclua seu tempo de oração

SUBSÍDIO
O texto de hoje é escolhido para iluminar a festa Nossa Senhora Rainha. Trata-se da cena da anunciação, na qual Maria de Nazaré faz a experiência de ser amada e querida por Deus, e por ele é convidada a acolher, gerar e educar Aquele que será a encarnação do Amor filial de Deus. Essa experiência fundante de todas as vocações antecede e confere força e dinamismo à visita de Maria a Isabel e ao cântico profético que meditamos no domingo passado.
Diversamente do anúncio do nascimento de João Batista, a protagonista é uma mulher, e isso é relevante. Não era comum no judaísmo a revelação de Deus a uma mulher. E ela não era cidadã de Jerusalém mas de Nazaré, uma região desprezada por sua miscigenação étnica e seu sincretismo religioso. No centro da cena está a mensagem do anjo.
A saudação “Ave!”, muito apreciada pelos imperadores, equivale a um solene “bom dia!” ou ao nosso “tudo de bom!” O anjo acrescenta que Maria é cheia de charme/graça, que Deus está com ela, como se dizia do monte Sion e de Jerusalém. O convite é um chamamento à alegria messiânica, pois Deus tomou a irreversível decisão estabelecer seu reino no mundo. Recordando os laços de José com Davi, o rei ideal, Deus intervirá de novo em favor do seu povo.
O relato de Lucas nos mostra Maria como uma jovem mulher atenta e acolhedora à manifestação de Deus, mas, ao mesmo tempo, reflexiva e questionadora. A resposta à sua pergunta sobre como seria fala da identidade e da missão de Jesus. O que nela será gerado é fruto da presença libertadora de Deus (simbolizada na sombra que acompanhou o povo de Israel no seu êxodo).
Maria emerge como ouvinte atenta e servidora reflexiva da Palavra de Deus. Tem pouco de rainha e muito da “Maria da esquina”, da mulher cristã que gera comunidade.
 (Itacir Brassiani msf)

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