sexta-feira, 21 de agosto de 2020

O Evangelho dominical (Pagola) - 23.08.2020


ADESÃO VIVA A JESUS CRISTO

Não é fácil tentar responder com sinceridade à pergunta de Jesus: “Quem dizeis que eu sou?” Na realidade, quem é Jesus para nós? A Sua pessoa chega-nos através de vinte séculos de imagens, fórmulas, devoções, experiências e interpretações culturais que vão revelando, e, ao mesmo tempo, velando a sua riqueza insondável.
Além disso, vamos revestindo Jesus com o que somos e pensamos. Projetamos Nele, os nossos desejos, aspirações, interesses e limitações. E, quase sem darmos conta, O diminuímos e desfiguramos, mesmo quando tentamos exaltar.
Mas Jesus continua vivo. Nós, cristãos, não conseguimos dissecá-Lo com a nossa mediocridade. Ele não permite que O maquiemos. Ele não se deixa etiquetar nem reduzir a uns ritos, fórmulas ou costumes.
Jesus sempre desconcerta a quem se aproxima Dele com uma postura aberta e sincera. É sempre diferente do que esperávamos. Sempre abre novas brechas na nossa vida, quebra os nossos padrões e nos atrai para uma nova vida. Quanto mais o conhecemos, mais sabemos que estamos apenas começando a descobri-lo.
Jesus é também perigoso! Percebemos Nele uma doação de si que desmascara o nosso egoísmo; uma paixão pela justiça que sacode as nossas seguranças e privilégios; uma ternura que deixa a descoberto a nossa mesquinhez; uma liberdade que rasga as nossas milhares de escravidões e servidões.
E, sobretudo, intuímos Nele um mistério de abertura e proximidade a Deus que nos atrai e nos convida a abrir a nossa existência ao Pai. A Jesus iremos conhecendo na medida em que nos entregamos a Ele. Só há um caminho para aprofundar o Seu mistério: segui-Lo.
Seguir humildemente os Seus passos, abrir-nos com Ele ao Pai, reproduzir os Seus gestos de amor e ternura, ver a vida com os Seus olhos, partilhar o Seu destino doloroso, esperar a Sua ressurreição. E, sem dúvida, orar muitas vezes do fundo dos nossos corações: “Creio, Senhor, mas me ajuda em minha incredulidade!”
José Antonio Pagola
(Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez)

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