ARRISCAR TUDO POR
JESUS
Não é fácil olhar para o mundo interior de Jesus,
mas no Seu coração podemos intuir uma dupla experiência: Sua identificação com os últimos da sociedade e Sua total confiança no
Pai. Por um lado, Jesus sofre com a injustiça, com as desgraças e as doenças
que fazem sofrer a tantos; por outro, confia totalmente no Pai, que nada mais
quer do que arrancar da vida o que é mau e faz Seus filhos sofrerem.
Jesus estava disposto a tudo para tornar realidade o desejo de Deus, Seu Pai:
um mundo mais justo, digno e feliz para todos. E, como é natural, queria
encontrar nos Seus seguidores a mesma atitude. Se seguiam os Seus passos, deviam partilhar a Sua paixão por Deus e a
Sua total disponibilidade ao serviço de Seu reino. Queria acender neles o
fogo que levava dentro.
Há frases que dizem tudo. As fontes cristãs
conservaram, com poucas diferenças, um ditado dirigido por Jesus aos Seus
discípulos: «Se alguém quiser salvar a
sua vida, perdê-la-á, mas quem a perde por mim, a encontrará». Com essas palavras
paradoxais, Jesus convida-os a viver
como Ele: agarrar-se cegamente à vida pode levar a perde-la; arriscá-la de
forma generosa e valente leva a salvá-la.
O pensamento de Jesus é claro. Quem caminha atrás Dele, mas continua apegado às seguranças, metas e
expectativas que lhe oferece a sua vida, pode acabar por perder o maior bem de
todos: a vida vivida segundo o projeto salvador de Deus. Pelo contrário,
quem arrisca tudo para O seguir encontrará vida, entrando com Ele no reino do
Pai.
Quem segue Jesus têm com frequência a sensação de
estar «perdendo a vida» por uma utopia inatingível: não estamos desperdiçando os nossos melhores anos sonhando com Jesus?
Não estamos gastando as nossas melhores energias por uma causa inútil?
O que
fazia Jesus quando se via perturbado por este tipo de pensamentos sombrios? Identificava-se ainda mais com aqueles que
sofrem e continuava a confiar nesse Pai que pode oferecer-nos uma vida que não
pode ser deduzida do que experimentamos aqui na terra.
José
Antonio Pagola
(Tradução
de Antonio Manuel Álvarez Perez)
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