Bendita guerra
No dia 10 de dezembro de 2009, no Dia da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, o presidente Barack Obama recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
Em seu discurso de agradecimento, o
presidente não teve melhor ideia do que render homenagem à guerra: à “guerra
justa e necessária contra o Mal”.
Quatro séculos e meio antes, quando o Prêmio Nobel não existia e o Mal não
residia nas terras que continham petróleo, mas nas terras que prometiam ouro e
prata, o jurista espanhol Ginés Sepúlveda também havia defendido a “guerra justa
e necessária contra o Mal”.
Naquela época, Ginés explicou que a
guerra contra os índios das Américas era necessária. Seu argumento: “Sendo por
natureza servos, os homens bárbaros, incultos e desumanos” a guerra era justa “porque
é justo, por direito natural, que o corpo obedeça à alma, o apetite à razão, os
brutos ao homem, a mulher ao marido, o imperfeito ao perfeito e o pior ao
melhor, para o bem de todos”.
(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012,
p. 388)
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