Na manhã do dia 17 de dezembro de 2010,
Mohamed Bouazizi vinha arrastando, como todos os dias, seu carrinho de frutas e
verduras em algum lugar da Tunísia.
Como todos os dias, chegaram os guardas,
para cobrar o pedágio por eles inventado. Mas esta manhã, Mohamed não pagou.
Os guardas bateram nele, viraram o
carrinho e pisaram as frutas e verduras esparramadas pelo chão. Então Mohamed
se regou com gasolina, da cebaça aos pés, e acendeu o fogo.
E essa fogueira pequenina, não mais alta
do que qualquer vendedor de rua, alcançou em poucos dias o tamanho de todo o
mundo árabe, incendiado pelas pessoas fartas de serem ninguém.
(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012,
p. 395)
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