João da Cruz,
poeta e místico
Hoje fazemos
memória de João da Cruz. João nasceu em 1542, em Fontiveros, Espanha.
Seu pai pertencia a uma família economicamente bem situada da cidade de Toledo e,
por ter se casado com uma jovem de classe “inferior”, foi deserdado por seus
pais e teve que trabalhar como tecelão.
Entre 1559 a 1563
João estudou Humanidades com os Jesuítas.
Em 1563 ngressou na Ordem do Carmo, recebendo o nome de Frei João
de São Matias. Tendo concluído seus estudos teológicos, foi ordenado sacerdote
e celebrou sua Primeira Missa em 1567.
Decepcionado com o
relaxamento da vida carmelitana, Frei João tentou passar para a Ordem dos Cartuxos mas, em Setembro de
1567, encontrou-se com Santa Teresa
de Ávila. Ela lhe falou sobre o projeto de estender a Reforma da
Ordem Carmelita também ao ramo masculino. Frei João aceitou o desafio e mudou o
nome para João da Cruz. O projeto de voltar à mística religiosidade do deserto
custou ao jovem Frei maus tratos físicos e difamações. Por causa disso, em
1577, esteve preso por oito meses, no cárcere de Toledo.
Depois de um
itinirário de vida marcado pela pobreza e pela humilhação, durante o qual
reconhece ter-se sentido abandonado por Deus mas também experimentado a chama
viva de um amor sedutor e regenerador, morreu na noite de 13 para 14 de
dezembro de 1591. Abaixo seguem três poemas que podem servir de aperitivo para
saborear sua imensa e profunda obra mistica e poética.
A encarnação
Já que o tempo era chegado em que fazer-se devia / o
resgate da esposa que em duro jugo
servia, (...) / Nos amores perfeitos esta lei se requeria, / que se
torne semelhante o amante a quem
queria, / porque a maior semelhança mais deleite caberia; / o qual, por certo, em tua
esposa grandemente cresceria / se te
visse semelhante na carne que
possuia. / Irei buscar minha esposa e sobre mim tomaria / suas
fadigas e dores em que tanto
padecia; / e para que tenha
vida, eu por ela morreria, / e tirando-a
das profundas, a ti a
devolveria.
Cantico
espiritual
Quando tu me fitavas, Teus olhos sua graça me infundiam; / E assim me
sobreamavas e nisso mereciam / Meus olhos adorar o que em ti
viam. / Não queiras
desprezar-me, porque, / se cor trigueira em mim achaste, / já
podes ver-me agora, pois, desde que
me olhaste, / a graça e a formosura em mim deixaste.
Chama viva de
amor
Oh, chama viva
de amor que ternamente feres / de minha alma no mais profundo
centro! / Pois nao és mais esquiva, acaba já, se queres. / Ah,
rompe a tela deste doce encontro! (...) / Oh, quão manso e
amoroso, despertas em meu seio, / onde tu só secretamente moras: / nesse aspirar gostoso, de bens e glória cheio, / quão delicadamente me
enamoras!
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