O TEMPO PASSA
O tempo passa, termina o ano, e eu
continuo correndo, pois não consigo alentar o ritmo frenético dos dias... Se
saio às ruas, já respiro o clima prematuro de um natal que ainda não chegou, e
eu continuo correndo, pois o Menino que deveria chegar no nono mês, já se
encontra deposto nas manjedouras da cidade, dos shopping centers....
Ai meu Deus, e eu que ainda me preparava
para esse grande acontecimento, tenho que apressar-me, do contrário, não
poderei comtemplar o Menino, risco de vê-lo já adulto. Nossa, isso me faz até
pensar, que hoje, tantas crianças já nascem adultas, porque o tempo passa, o
tempo é frenético e não dá tempo para ser menino-menina.
Humm, mas acho também, que eu mesmo,
homem de 43 anos, às vezes, acabo por deixar morrer a criança que existe em
mim. Acho que não dou mais conta, estou sempre quase com a “língua de fora”! O
pior, é que em meio a toda essa minha correria, tropeço em tantas pedras no meio
do caminho, o que me retarda, ainda mais, no meu afã de ver acontecer logo o
que me projetei, o que sonhei.
Ah, essa bendita expectativa, confundida
com esperança! Expectativa, expectativa, de que as coisas aconteçam como eu planejei!!!
Me digam amigos e amigas, issso é esperança? Não creio, pois se espero que as
coisas aconteçam sempre como planejei, aonde há espaço para que o meu criador e
redentor se manifeste, na hora certa e do jeito que lhe aprouver? Aonde há
espaço para o Advento em minha vida, para a esperança, que seria a capacidade
de me colocar à mercê do que Deus me oferece aqui e agora?
Ai, ai, me dou conta, que não somente espero
que as coisas aconteçam como quero, mas, envergonhadamente, reconheço que, às
vezes, as pessoas também têm que se enquadrarem nos meus parâmetros, na minha
expectativa; até mesmo, o Menino, o Filho de Deus, corre o risco de ter a minha
imagem!
Oh Surpresa de Deus, dá-me a humildade e
docilidade para acolher a tua surpresa em minha vida, faz que eu tenha um olhar
e um coração capazes de te reconhecer em cada momento singular da minha vida,
nas situações mais inusitadas e efêmeras, nas pessoas mais simples e humildes.
Dá-me a capacidade de sorrir, de me
alegrar, de me emocionar com cada surpresa que me proporcionas. Ajuda-me a erguer
a cabeça, saindo de mim mesmo, para poder contemplar a tua estrela, que não
está tão longe, mas, quem sabe, tão perto, ao meu lado, em um irmão ou irmã que
encontro em casa ou na rua. Ajuda-me a diminuir o passso de meus dias, para que
eu te perceba em cada lugar, em cada esquina da cidade ou de minha comunidade,
em cada rosto de um meu semelhante. Ajuda-me a acolher-te em mim mesmo, através
dos dons e capacidades que me concedestes, ajuda-me a encontrar e reconhecer a tua manjedoura, em minha vida,
através da solidariedade e presença de meus irmãos e irmãs, dos meus amigos,
dos meus familiares...
Ajuda-me a viver bem cada momento, sem
apressar “o parto” do que estar por vir, para que assim, tu sejas sempre Deus
para mim e eu seja sempre filho para ti, que vive sob a tua gratuidade e
surpresa.
O que esperamos/o que estamos desejando
do Natal que se aproxima? Que surpresas Deus poderia estar nos preparando? Ou ainda:
quais os vazios, desatenções e esquecimentos que preciso/precisamos rever, para
celebrar bem o Natal?
Pe. Luís Carlos, MSC
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